16 February 2005

não adormeças em mim

Voltei a esta página escura e silenciosa, pode ser que aqui ninguém me veja, pode ser que eu própria não me veja. Que o escuro é bom para trazer à luz a tristeza. É preciso arejar aquilo que somos cá dentro. E eu sei que preciso de o fazer. Não quero mais andar descalça. são horas e horas que passaram desde o dia em que te ouvi pela primeira vez. passou-se tempo enquanto andámos em sonhos diferentes. Passou-se em nós o espaço que era, mas não era, nosso. Era espaço meu apenas. um quarto guardado para sempre vazio em mim. um quarto aonde tão cedo não irei mudar os lençóis da cama grande que lá vive. Tão cedo não voltarei a espreitar os ruídos que de lá chegam, pensando que és tu a chamar-me. Tão cedo encontrei aquilo que nunca quís ser. Tão cedo tornou-se tarde demais quando caímos no erro de ouvir palavras alheias, quando adiámos a conversa que entretanto azedou em nossas bocas. Porque mesmo que essas palavras perdidas não nos encontrassem na disposição de nos desejarmos até ao fim, fariam, pelo menos, com que a amizade fosse doce. Agora é tarde demais, dizes tu, que sofres por algo a que nem sei se me pertence parte da culpa, mas julgo que não, pois não foi suposto eu ser-te em nada. É assim o tal vazio de que te falo quando trago a tristeza à superfície, uma espécie de significado do insignificante. Vamos deixar isto de parte, falemos de outra coisa. Falemos. Que a falar é que a gente se entende e já só consigo ouvir metade do vento, como as tuas meias palavras de sempre. Meias palavras que só geraram meias verdades. Agora diz-me, e a outra metade de tudo? Não foi verdade de todo?
Existiu na mentira? Serei eu mentira de hoje em diante?

minto.
minto que minto.
porque ainda te tenho, pois não fui eu que te perdi, foste tu que não soubeste onde me puseste..

se me tivesses arquivado, seria assunto arrumado, mas assim não tendo sido fica tudo por resolver, até ao fim da coisa, a coisa chegou ao fim!

1 comment:

Anonymous said...

Michelle, ma belle..