sol
que tão pouco sol tens sido
que tens sentido?
frio?
diz-me,
porque todos dizemos
todos mostramos
o meu cérebro anda tão poluído de imagens
e todos gritam tanto amor
quase todos sofrem
deixa-me chegar
quero estar
mesmo que seja ao pé do teu não, que não se assume
ou do teu sim que se perdeu lá para outras bandas
tudo muda
a todo o tempo
nada volta
nada
nada até mim
neste mar que te estendo
eu não sei mais nadar
ou sei
mas não nas tuas correntes
nessas correntes do teu passado
nas correntes da minha ignorância
porque já não sei como dizer-te aquilo que já nem sei que dizer
e eu vou gritando
ensurdecendo o meu cérebro
o que dói no corpo já não sinto
estou ocupada com a queixa que vem de dentro
o gelo dói muito mais
pois, agora sim,
dói aquilo que apenas pesava
e está tanto sol na minha praia
vem tirar-me da borda do teu mar
vamos atravessar o meu
vem
só por uma manhã
uma tarde
por um só pôr do sol
ou por mil nascimentos do dia
só não me deixes assim
sem pé.
sem jeito.
sem ti.