12 January 2005

a hora do sim é o descuido do não?

sol

que tão pouco sol tens sido

que tens sentido?

frio?

diz-me,

porque todos dizemos

todos mostramos

o meu cérebro anda tão poluído de imagens

e todos gritam tanto amor

quase todos sofrem

deixa-me chegar

quero estar

mesmo que seja ao pé do teu não, que não se assume
ou do teu sim que se perdeu lá para outras bandas

tudo muda
a todo o tempo

nada volta

nada

nada até mim
neste mar que te estendo
eu não sei mais nadar
ou sei
mas não nas tuas correntes
nessas correntes do teu passado
nas correntes da minha ignorância
porque já não sei como dizer-te aquilo que já nem sei que dizer

e eu vou gritando
ensurdecendo o meu cérebro

o que dói no corpo já não sinto
estou ocupada com a queixa que vem de dentro

o gelo dói muito mais

pois, agora sim,
dói aquilo que apenas pesava

e está tanto sol na minha praia

vem tirar-me da borda do teu mar
vamos atravessar o meu

vem

só por uma manhã

uma tarde

por um só pôr do sol

ou por mil nascimentos do dia

só não me deixes assim

sem pé.



sem jeito.



sem ti.