Veio o Natal. Vieram as desgraças mundiais, continuaram as que estão quando saímos porta fora da nossa casa. Mas foi melhor do que eu esperava. Eu não gosto da ansiedade que anda dentro das pessoas quando se aproxima o Natal, não é igual à ansiedade das crianças, mas até as crianças (ou algumas) têm tanta coisa, tantos brinquedos, que a ansiedade delas também é um pouco forçada. Lembro-me sempre de quando era pequena quando andamos por volta destes dias, tento viver naqueles dias que foram, enquanto o dia de Natal não chega. Tento manter-me calma e sentir o que sentia. Procuro dentro de mim a ansiedade de um dia conhecer o Pai Natal, não que eu acreditasse muito nele, mas porque queria que me provasse que tinha feito mal em não acreditar que ele pudesse existir. Tinha sempre tantas perguntas preparadas. Tantas, que tinha a certeza de não conseguir falar se o visse na escassa luz que a árvore dava à minha sala. E por não o ter conhecido é que volto áqueles dias, sonhando como seria se o tivesse conhecido, como seria se ele não tivesse esperado que eu crescesse.
Agora sei que não vai aparecer por estes dias.
Agora, que tenho a coragem do mundo para lhe falar.
Agora, que podia finalmente sorrir-lhe calmamente.
Agora, que já nem sei se afinal queria assim tanto fazer-lhe perguntas.
Agora, que mais do que quando era pequena, queria mesmo mesmo, era espreitar o saco das prendas. Procurar aquilo, que tal como o pai Natal, talvez não exista.
Queria encontrar a paz.
A paz que falta dentro e não fora de nós.
Paz. É só isso que temos de ser.
27 December 2004
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1 comment:
pode ser que ainda apareça k.
com um saco bem cheio de uma luz que nos aqueça a todos
pode ser
ainda pode
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