"Vejo-te numa janela pertencente a outra parede, a outro mundo.
Aguças-me a espera. Sei que voltarás mais vezes (talvez sem conta).
A minha única ocupação é lançar-me a esta luz que vem de fora,
que ilumina o que tenho dentro.
Deambulo perto desta janela,
com a certeza de ser esta a única via que trará aquilo de que preciso para respirar.
És a indefinição de belo. Trazes contigo a incerteza do que é ser-se feliz.
E a realidade do que é ser-se infeliz.
Esperas por quem não sei. Por quem não conheço.
E nisso, apenas sei que não me conheces, e por isso não me esperas.
Teu olhar é em relance.
Que nem cego, que apenas reconhece o que vem de dentro.
E não se reconhece neste mundo.
Mas se pudesse, ficaria eu que nem cego, para que não tivesse de desejar mais a tua imagem. Para que não tivesse de viver que nem esta janela. Preso ao que quero e não quero. Sem nunca saber o que seríamos se nossas janelas fossem lado a lado, em vez de frente a frente."
Junho 2003 B. Carneiro
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