Devaneio
Vagueio na internet.
Na rádio passam música(?) contemporânea, basicamente falas e sons estranhos sem melodia.
Levanto-me para ir à casa de banho, olho novamente ao espelho a palidez que anuncia o meu cansaço.
Volto à cozinha, faço uma segunda chávena de “chá ginseng”, uma embalagem que me seduziu com a palavra energia.
Sento-me novamente ao computador, um último projecto a terminar, coisa pouca, coisa desinteressante, mas ainda não para já.
E vou por aí fora, leio diários de outros, portugueses ou não, descobrindo os poetas e escritores que cada um eleva dentro de si, com esforço ou não. Gosto ou não.
Regresso para olhar o aviso de recepção de mensagens, ainda não estiveste lá. Não tens hora certa. Não tens de vir. Sei que um dia não virás mais. Mas estás atrasado.
Tudo sensações comuns. Imagens de gestos e sentimentos comuns passeiam-se pelo meu pensamento. No entanto, há qualquer coisa que me diz que é diferente.
Recomeço o quebra-cabeças. O quebra-cabeças que apenas quebra os sentidos.
Podia jurar que já passei por isto. Podia também jurar que me é inteiramente novo.
Mas tu sabes que eu no fundo sei que não é sequer, porque sei que tu sabes que não queres que seja.
A chuva continua a conversar comigo aqui ao lado na minha janela.
Lembro-me do trabalho. Olho para as horas.
E deixo de flutuar.
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