21 May 2005

19 May 2005

príncipe negro

começa-se a perder o rasto a tudo
sim
porque chega sempre uma altura em que renovamos aquilo que pensavamos que sabíamos
porque nunca sabemos ao certo até onde vai o que se sabe
a abstracção é a melhor forma de definir a consciência de termos inconsciência
há uma estrada que de noite vai dar ao Guincho e de dia vai dar a todos os céus
eu porto-me bem desde que soube que te podia perder
eu descobri que te amo naquela curva onde todos caem ao mar
naquela curva aonde fiquei presa pelas unhas
estavas lá que eu senti
mesmo quando pensei que já não eras
convidaste-me para ficar mais uma vez
e pintaste-me as unhas iguais às rosas "príncipe negro"
para que ninguém visse o sangue pisado nos dedos que seguraste
quando segredaste que me amavas
e com receio que eu pensasse que te tinha ouvido
desejaste que eu te tivesse ouvido
é o teu sentido
sabes que somos diferentes demais
mas que morremos mais
que sabemos como ninguém sabe
o poder que cada beijo nos traz
só por ser nosso
arrancado a todo o gesto vindo do amor que a tua alma vai fazendo com a minha
não há físico que aguente o que só elas aguentam
são os únicos relâmpagos que vi caírem no mar até hoje
e a única coisa que não me mete mais medo.

18 May 2005

água das pedras sem gelo mas fresca

não sei se estou mais perto de cair
se mais perto de sair
ou se mais perto de mim
cantando a oportunidade que me deram de te encontrar
louvando a tua paciência e o teu amor
que soube ser maior que o meu quando me achei tão fraca
amando-te neste tempo estranho que por norma já não existiria
onde pisei vinis que tu foste colando
hei-de eu oferecer-te um gira-discos
velhinhos havemos de ouvir o ruído da dor que eu te causei
que nos há-de soar longínquo
só sabia ser assim amor
não me ensinaram outra coisa senão dor
agora que te amo e aprendo que o amor sabe ir além
vou já imaginando um salão enorme e vazio para além de nós
onde dançamos ao som de batimentos sintonizados de todos os corações que havemos de trazer à nossa vida, vindos de nós.

candy boy you´re on my mind

10 May 2005


9 May 2005

mais uma

não te esqueças do que eu te disse
não uses sabonete que faça espuma
prejudica a saúde, a espuma teima em iludir
e vai procurar os cães que andam abandonados na rua
traz todo aquele pêlo sujo de miséria para ser lavado
também não te esqueças de trazer os olhares tristes que eles carregam
pode ser que eu encontre na despensa amor de cão para a troca
se ainda tiver despensa
aquela despensa que volta e meia muda de casa
foda-se
mas porque não me ouves?
vê lá se ouves.
senão depois enganas-te e vais às gatas
sabes que não gosto de te ver arranhado
sabes que não tenho jeito para tratar de feridas
conheces-me bem
sabes que não suporto o cheiro de sangue fora do prazo

só mais uma coisa
e esta não volto a repetir
é que a groselha bebe-se com palhinha
já não tens idade para andares com esse bigode vermelho


8 May 2005

stardust

there´s no country music playing in that bar anymore
there´s no kiss hanging on that old microphone since we left
but there´s a secret that kills all hearts that trip on it
and there´s a barman serving alcoholic chilled love into big cups,
there´s bottles of wined tears waiting on shelfs
and there will always be someone sitting on that same bench
and that same someone will be humming the same song
humming the same "one and only" pain
the only real pain that heartbreak hotel ever knew
because no love is love until it´s no longer love
and we´ll keep on pretending we never met


7 May 2005

the smell of you still on my hands