29 February 2004

"A nossa vida é feita de escolhas"...muitas vezes das dos outros.
"Vejo-te numa janela pertencente a outra parede, a outro mundo.
Aguças-me a espera. Sei que voltarás mais vezes (talvez sem conta).
A minha única ocupação é lançar-me a esta luz que vem de fora,
que ilumina o que tenho dentro.
Deambulo perto desta janela,
com a certeza de ser esta a única via que trará aquilo de que preciso para respirar.
És a indefinição de belo. Trazes contigo a incerteza do que é ser-se feliz.
E a realidade do que é ser-se infeliz.
Esperas por quem não sei. Por quem não conheço.
E nisso, apenas sei que não me conheces, e por isso não me esperas.
Teu olhar é em relance.
Que nem cego, que apenas reconhece o que vem de dentro.
E não se reconhece neste mundo.
Mas se pudesse, ficaria eu que nem cego, para que não tivesse de desejar mais a tua imagem. Para que não tivesse de viver que nem esta janela. Preso ao que quero e não quero. Sem nunca saber o que seríamos se nossas janelas fossem lado a lado, em vez de frente a frente."
Junho 2003 B. Carneiro
"A paz vem de dentro de ti próprio. Não a procures à tua volta."
Buda

26 February 2004

"One apple a day keeps the doctor away."
(but i never remember to do so and the apples don´t taste like apples anymore)

25 February 2004

Devaneio
Vagueio na internet.
Na rádio passam música(?) contemporânea, basicamente falas e sons estranhos sem melodia.
Levanto-me para ir à casa de banho, olho novamente ao espelho a palidez que anuncia o meu cansaço.
Volto à cozinha, faço uma segunda chávena de “chá ginseng”, uma embalagem que me seduziu com a palavra energia.
Sento-me novamente ao computador, um último projecto a terminar, coisa pouca, coisa desinteressante, mas ainda não para já.
E vou por aí fora, leio diários de outros, portugueses ou não, descobrindo os poetas e escritores que cada um eleva dentro de si, com esforço ou não. Gosto ou não.
Regresso para olhar o aviso de recepção de mensagens, ainda não estiveste lá. Não tens hora certa. Não tens de vir. Sei que um dia não virás mais. Mas estás atrasado.
Tudo sensações comuns. Imagens de gestos e sentimentos comuns passeiam-se pelo meu pensamento. No entanto, há qualquer coisa que me diz que é diferente.
Recomeço o quebra-cabeças. O quebra-cabeças que apenas quebra os sentidos.
Podia jurar que já passei por isto. Podia também jurar que me é inteiramente novo.
Mas tu sabes que eu no fundo sei que não é sequer, porque sei que tu sabes que não queres que seja.
A chuva continua a conversar comigo aqui ao lado na minha janela.
Lembro-me do trabalho. Olho para as horas.
E deixo de flutuar.
"O coração é o relógio da vida. Quem não o consulta, anda naturalmente fora do tempo."
Machado de Assis

21 February 2004

Nem todos os dias consigo ouvir Jeff Buckley, mas hoje é um dia (ou antes, o resto de um dia) em que o coração sangra.
E mesmo assim é preciso bater na alma.
Conhecem a vontade de regressar à vida depois de doridos de tanta pancada? A vontade de mostrar que somos mais do que aquilo que deixamos cair no caminho? Pois eu quero sentir-me assim. Dorida. Vencida. Mas por mim mesma. Para conseguir ultrapassar-me. Ser quem sou há muito mas nunca deixei que fosse. Quero viver-me. Deixar de inalar o sofrimento do passado e não mais engravidar do futuro, apenas saber condimentar o presente.
Quero hoje ser inércia na razão e ardor nas veias da alma.
Espirrar a mente e colocar lá o coração.

16 February 2004

Beautiful you, please make a beautiful me.
Look me up in the yellow pages. I´ll sure be waiting for you.

14 February 2004

::::ARTE DE AMAR::::

"Quem diz de amor fazer que os actos não são belos
que sabe ou sonha de beleza? Quem
sente que suja ou é sujado por fazê-los
que goza de si mesmo e com alguém?

Só não é belo o que se não deseja
ou que ao nosso desejo mal responde.
E suja ou é sujado que não seja
feito do ardor que se não nega ou esconde.

Que gestos há mais belos que os do sexo?
Que corpo belo é menos belo em movimento?
E que mover-se um corpo no de um outro o amplexo
não é dos corpos o mais puro intento?

Olhos se fechem não para não ver
mas para o corpo ver o que eles não,
e no silêncio se ouça o só ranger
da carne que é da carne a só razão."
janeiro 71
in "Exorcismos" _ Jorge de Sena

13 February 2004

:::Sexta-Feira 13:::
Anda-se solto da vida quando não se tem quem nos prenda.

8 February 2004

"Quanto eu disser..."

Quanto eu disser não ouças,
quanto eu fizer não vejas;
e, se eu estender as mãos,
não me estendas as tuas.

Aceita que eu exista como os sonhos
que ninguém sonha,
as imagens malditas que no espelho
são noite irreflectida.

Talvez que então
da pura solidão
eu desça à vida.

1953
in "Fidelidade" Jorge de Sena

7 February 2004

Sol,
Não sei mais como comunicar contigo.
Não sei o que disse a mais ou o que faltou dizer.
Só sei que estás demasiado ausente.
Mais ausente do que em toda a ausência que tens sido.

3 February 2004

o meu cérebro diz que ultimamente tem andado com azia, queixa-se do que lhe dou para digerir, quer menos assuntos escolares.
A não ser que Marte se torne habitável...
Tanto "stress" para nada! Se a terra tem um tempo de vida já relativamente curto, eu posso acumular os "Karmas" que quiser, pois não haverá mundo ao qual voltar para resolvê-los... não é?

2 February 2004

My soul didn´t go on it´s daily stroll.
( ... )
"Dentro da forma que é a minha razão
procuro a forma da tua alma.
Estás cá. Vivo contigo.
E amo-te, sem ainda sabê-lo, com a forma do meu coração."
In “À base de ti” B. Carneiro